A música mudou para algo mais leve, quase alegre, contrastando com a atmosfera carregada que eu sentia. A corte parecia se mover como um balé ensaiado há gerações — damas girando como pétalas, cavalheiros fazendo reverências tão polidas quanto previsíveis.
Observei tudo à margem do salão, sentindo-me uma nota dissonante em meio à perfeição orquestrada. Ainda assim, ali estava eu, com o coração acelerado e o olhar procurando respostas em rostos que não conhecia.
— Senhorita... — uma voz masculina soou ao meu lado. — Concederia-me esta dança?
Virei devagar. Era um rapaz loiro, um pouco mais jovem que Kael, com um sorriso seguro e modos treinados. Não parecia ameaçador — nem tão presunçoso quanto outros que vi naquela noite.
Assenti com um leve sorriso, mais por educação do que vontade real.
Ele me guiou até o centro, e os primeiros passos se encaixaram no compasso da música. Eu não era uma dançarina, mas sabia o suficiente para não tropeçar.
Enquanto girávamos, ele falou:
— É de alguma