O salão já começava a se transformar. Servos passavam apressados com arranjos florais, tochas ganhavam vida, e o som de passos apressados ecoava pelos corredores do palácio.
Eu, no entanto, me encontrava no jardim interno, debaixo das folhas prateadas de uma árvore ancestral que crescia rente à muralha.
Mirena ajeitava delicadamente meu cabelo, como fazia quando eu era criança — com a mesma calma, o mesmo cuidado. Mas suas mãos estavam mais firmes, e os olhos carregavam uma seriedade que não me permitia fugir.
— Está nervosa? — ela perguntou, prendendo a última mecha com uma fivela dourada que brilhava como o crepúsculo.
— Um pouco. Não sei o que se espera de mim lá dentro. Não sou uma dama da corte.
— Ainda bem. — sorriu de leve. — A corte tem muitas máscaras. Você tem olhos limpos.
Me virei para encará-la.
— Por que me trouxe, Mirena? De verdade.
Ela tocou meu rosto com a ponta dos dedos, suave.
— Porque esse lugar está mais doente do que mostra. E você enxerga o que muitos fingem n