Capítulo Oito- Baile

O salão já começava a se transformar. Servos passavam apressados com arranjos florais, tochas ganhavam vida, e o som de passos apressados ecoava pelos corredores do palácio.

Eu, no entanto, me encontrava no jardim interno, debaixo das folhas prateadas de uma árvore ancestral que crescia rente à muralha.

Mirena ajeitava delicadamente meu cabelo, como fazia quando eu era criança — com a mesma calma, o mesmo cuidado. Mas suas mãos estavam mais firmes, e os olhos carregavam uma seriedade que não me permitia fugir.

— Está nervosa? — ela perguntou, prendendo a última mecha com uma fivela dourada que brilhava como o crepúsculo.

— Um pouco. Não sei o que se espera de mim lá dentro. Não sou uma dama da corte.

— Ainda bem. — sorriu de leve. — A corte tem muitas máscaras. Você tem olhos limpos.

Me virei para encará-la.

— Por que me trouxe, Mirena? De verdade.

Ela tocou meu rosto com a ponta dos dedos, suave.

— Porque esse lugar está mais doente do que mostra. E você enxerga o que muitos fingem n
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