O palácio era grande demais. E silencioso demais.
Andava pelos corredores largos como quem desfia pensamentos. Cada tapeçaria contava uma história antiga, cada escultura parecia vigiar. Passei os dedos pelas colunas de pedra, absorvendo a frieza dos séculos.
Minha presença ali era discreta. Eu não fazia parte da corte, nem das moças convidadas para o baile. Eu apenas observava — e, em parte, isso me agradava.
Virei um corredor e, antes que pudesse perceber, quase colidi com ele.
Kael.
Seu porte ereto, os olhos frios como se nada o abalasse. A postura de um homem acostumado a comandar — mesmo calado.
— Está perdida? — ele perguntou, sem sequer franzir a testa.
— Só caminhando. — respondi com calma, mantendo o olhar firme.
Houve um instante de silêncio. Um daqueles que parecem conversar mais do que qualquer palavra.
— Não costumo ver gente da floresta por aqui — continuou, num tom que não era provocação, mas quase curiosidade.
— E eu não costumo ver príncipes que saem dos livros.
Os olh