Depois que Kael se foi, caminhei em silêncio pelos corredores frios do palácio. As janelas filtravam a luz da manhã, tornando o dourado das tapeçarias ainda mais intenso. Tudo ali parecia quieto demais, como se o ar prendesse a respiração.
Bati na porta do quarto onde Mirena estava. Antes que pudesse chamar, sua voz soou firme:
— Entra, Elisa. Já passou da hora.
Empurrei a porta devagar. Mirena estava de costas, mexendo em ervas secas espalhadas sobre a mesa. O cheiro de lavanda e raiz doce preenchia o ambiente.
— Ele falou com você? — ela perguntou, ainda sem me encarar.
— Sim. Quis saber mais sobre a nossa vinda... — hesitei. — Ele é estranho. Frio. Mas os olhos... carregam algo que não combina com o resto.
Mirena soltou uma risada baixa, sem humor.
— Carrega um peso que você ainda não conhece. E talvez nunca devesse conhecer.
— Então por que estamos aqui?
Ela se virou devagar, me fitando como quem observa um espelho.
— Porque há coisas que vêm até nós mesmo quando não estamos pront