Estávamos na sobremesa quando Lady Anareth — uma das mulheres que falava com sorrisos treinados e olhos que observavam tudo — inclinou-se em minha direção com gentileza afiada.
— E quanto a você, senhorita Elisa? — perguntou, como quem desliza a lâmina sob a pele. — Já pensa em casamento? Ou está apenas... de passagem?
Os olhares se voltaram. Alguns curiosos. Outros disfarçadamente atentos. E por um instante, o ar pareceu mais denso à minha volta.
— Para pensar em casamento — respondi, firme, mas educada — é preciso ter liberdade. E intenções. Nem sempre as duas andam juntas.
Lady Anareth sorriu, claramente se divertindo. — E você acredita que poderá escolher sozinha?
Antes que eu encontrasse uma resposta mais cortante, a voz de Kael se fez ouvir. Baixa, contida, mas com a autoridade de quem está prestes a governar.
— Elisa não deve satisfações a ninguém. E se houver um casamento, ele será por vontade dela. E sob minha aprovação.
O silêncio caiu pesado sobre a mesa.
Não era um convite