A noite caiu, mas dentro de mim o dia ainda não tinha terminado. As palavras ecoavam, as reações também. A maneira como Kael olhou para Therren. O modo como encerrou o jantar, como se... estivesse delimitando um território.
Mas que território era esse?
Saí para o jardim, na esperança de clarear a mente. O ar estava frio, o céu limpo. E, por um momento, senti que talvez eu pudesse me afastar da confusão. Foi quando ouvi passos atrás de mim.
— Então é aqui que se esconde.
Me virei devagar. Ele estava ali. Kael. Mais sombra do que homem, parado sob a luz da lua como se fizesse parte da noite.
— Não estou me escondendo — falei, tentando manter o tom leve. — Estou… tentando entender.
— Entender o quê?
— Você. — A palavra escapou. Simples. Crua. — Sua distância, suas palavras, e agora isso. O que foi aquilo, Kael?
Ele me encarou por um longo tempo. Depois se aproximou, lento, como se cada passo fosse uma escolha.
— Você não devia dar ouvidos a homens como Therren.
— Ele só conversou comigo.