A luz da manhã entrava pelas frestas da cortina como dedos tímidos, desenhando feixes dourados sobre os corpos entrelaçados na cama. O ar ainda carregava os vestígios da noite anterior — quente, intensa, inesquecível. O quarto exalava o perfume da paixão recém vivida, mas também a tristeza sutil da partida que se aproximava.
Lorenzo acordou primeiro. Passou os dedos lentamente pelos cabelos de Isadora, que repousava com a cabeça em seu peito. A respiração dela era suave, ritmada, e seu rosto sereno o fazia esquecer — por um segundo — da realidade do dia. Mas o relógio não parava.
Isadora abriu os olhos, preguiçosa, e encontrou os dele.
- Está quase na hora de ir ? — a voz veio baixa, rouca, como se tentasse impedir o tempo de seguir.
— Não queria. Juro que não queria.
Ela se ergueu devagar e o beijou nos lábios, um beijo lento, de quem sabia que cada segundo valia ouro. Sem pressa, deixaram que o desejo reacendesse, como se aquele último momento pudesse congelar o mundo lá fora.
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