Os dias correram lentos, como se o mundo respeitasse o tempo de cura. Isadora recebeu alta do hospital com recomendações médicas rigorosas: repouso absoluto nas primeiras semanas, pouca movimentação, nada de estresse. O corpo ainda carregava as marcas da violência sofrida, mas o coração já pulsava com outra energia.
Desde que atravessara a porta de casa novamente, não estava mais sozinha. Lorenzo não desgrudava. Era ele quem preparava o café da manhã, ajeitava as almofadas no sofá, a colocava confortavelmente na poltrona da sala ou, quando o sol permitia, a conduzia até a espreguiçadeira perto da janela do seu quarto, de onde ela podia ver todo o quintal.
Isadora passava longos momentos ali, em silêncio. Observava. Absorvia. Lorenzo e Gabriel juntos pareciam dois meninos. Um homem e um garotinho, mas ambos com a mesma alegria pura nos olhos. Brincavam de esconde-esconde, jogavam bola, corriam de um lado a outro como se tivessem o mundo inteiro naquele pedacinho de grama.
A cada gargal