As horas avançaram devagar, como quem não queria atrapalhar o reencontro. A luz suave da manhã atravessava as frestas da janela, aquecendo o quarto frio e silencioso. Tudo parecia suspenso, como se o tempo soubesse que um milagre prestes a acontecer merecia respeito.
Uma batida suave na porta quebrou a quietude. Não era médica, nem enfermeira. Era um som diferente — tímido, mas carregado de urgência.
— Com licença? — disse Clara, a babá, com Gabriel nos braços.
O menino estava inquieto. Vestia uma camiseta de foguete, as meias trocadas e os tênis meio tortos — aquele jeito apressado de quem quer voar até onde o coração manda. Mas o olhar… ah, o olhar! Misturava medo, saudade e uma esperança tão pura que as palavras não ousavam nomear.
— Mãe? — ele sussurrou, hesitante, como se não quisesse acreditar no que via.
Isadora tentou se erguer. Ainda sentia o corpo frágil, as marcas do trauma recentes, mas os braços dela se abriram com a força do instinto. Porque mãe não precisa estar inteira