Uma semana havia se passado desde o acidente. Desde que Isadora foi arrancada da rotina com brutalidade, jogada entre a vida e a morte. Sete dias em que o tempo se esticou, em que cada segundo foi uma oração silenciosa, um pedido sussurrado aos céus para que ela voltasse. Lorenzo não saiu do hospital. Recusou-se. Só deixava o prédio para tomar banho e se alimentar às pressas, mas logo voltava, inquieto, assombrado, exausto, mas decidido a ficar.
Durante aquele tempo, ele quase não dormiu. Preferia passar as noites ao lado da porta da UTI, mesmo sem poder vê-la, como se sua presença ali fosse um escudo contra qualquer tragédia. A cada som diferente, a cada movimento dos médicos, seu coração disparava. As enfermeiras já o conheciam pelo nome. E, aos poucos, aprenderam a respeitar aquela devoção silenciosa.
Catarina, que nos primeiros dias ainda olhava Lorenzo com um misto de desconfiança e mágoa, foi, com o tempo, rendendo-se à verdade estampada nos olhos dele. Nenhum homem ficaria ali