A quarta-feira amanheceu chuvosa, mas dentro da casa de Catarina o clima era de café quente, rádio ligado em volume baixo e o aroma de pão fresco preenchendo os espaços. Isadora desceu as escadas com um vestido justo de tricô que desenhava com leveza sua silhueta. A barriga, com dezesseis semanas de gestação, já marcava presença, ainda discreta, mas firme como a decisão que ela carregava no peito: concluir a faculdade antes do nascimento do bebê.
— Dormiu bem? — perguntou Catarina, entregando-lhe uma caneca fumegante.
— Dormi. Ou quase — respondeu Isadora com um sorriso cansado. — A cabeça não para quando encosta no travesseiro.
Catarina assentiu. Sabia que os fantasmas não vinham apenas à noite — vinham no silêncio, nas pausas, naqueles momentos em que até o relógio parecia pesar. Mas não insistiu. Apenas deu um beijo na testa da sobrinha e voltou ao fogão.
Isadora seguiu sua rotina. O trabalho a aguardava, os relatórios não se faziam sozinhos, e sua equipe já começava a depender de