O inverno em Viena era um corte limpo. Frio o suficiente para obrigar silêncio, elegante o bastante para camuflar perigo. Valentina observava a cidade da janela do táxi, o casaco escuro bem fechado, o olhar firme. Davide sentava-se ao lado, atento às movimentações nas calçadas.
— Tomas Ehrlich não aparece em registros há dez anos — disse ele. — Mas o rastreamento feito pela hacker de Marselha aponta para um endereço nos arredores do Museumsquartier. Última atividade online, dois dias atrás. Uma conexão de rede protegida, mas com assinatura semelhante à dos servidores da PROJETCIO.
Valentina assentiu, sem desviar os olhos da rua.
— Ele quer ser encontrado. A pergunta é: por quê?
— Talvez esteja cansado de fugir. Ou talvez tenha algo a perder agora.
O táxi parou discretamente diante de um pequeno prédio art déco, quatro andares, fachada desgastada. Nada chamativo. Mas a tensão no ar era palpável.
Subiram sem chamar atenção. Quarto andar. Porta de madeira antiga. Nenhuma campainha.