O jato pousou em Milão pouco antes do meio-dia. O céu estava límpido, mas o peso que Valentina carregava nos ombros era o oposto da leveza do dia. Ao descer as escadas da aeronave, os olhos estavam fixos, frios. Francesca caminhava logo atrás, com os documentos recuperados guardados em uma maleta de segurança.
Enzo já a esperava do lado de fora, encostado no carro blindado. Usava um terno cinza escuro, o rosto impassível, mas os olhos... os olhos procuravam por algo no rosto de Valentina. Alívio, talvez. Ou perdão.
Ele se aproximou lentamente.
— Podemos conversar?
Valentina assentiu com um gesto seco da cabeça.
— Sozinhos.
Francesca hesitou, mas obedeceu.
O escritório de Enzo era silencioso. Fechado. Carregado de história. A porta se fechou atrás deles com um clique surdo.
Valentina não sentou. Ficou de pé, de frente para ele.
— Eu vi.
— O quê, exatamente?
— O vídeo. O galpão. Você... matando dois homens para proteger seu pai.
Enzo fechou os olhos por um instante. Depois