O mundo espiritual não era feito de imagens claras nem de lugares estáticos. Era feito de sensação, lembrança e vibração. Quando Aedan mergulhou no ritual conduzido por Kaela, sentiu o mundo físico se dissolver como poeira soprada ao vento. O calor do corpo, o toque das mãos de Elena, o som das folhas ao redor... tudo desapareceu.
O que veio depois foi escuridão.
Não uma escuridão de ausência, mas de presença esmagadora — como estar dentro do próprio sangue, ouvindo o coração bater entre as costelas do tempo.
Ele caminhava sem mover os pés, flutuando sobre uma terra líquida, onde imagens surgiam e desapareciam: árvores retorcidas, luas duplas, cavernas onde lobos com olhos de fogo uivavam nomes sem língua. Vozes ecoavam em todas as direções, algumas suplicando, outras condenando.
“Você esqueceu.”
“Você selou.”
“Você é ele.”
Aedan não sabia se aquelas vozes vinham de dentro ou de fora. Mas uma delas se destacou: uma voz familiar, fria e imponente como metal ancestral.
“Lythar.”
Ao ouvi