O tempo em Arkhadia parecia ter outra medida. Os dias amanheciam envoltos em uma névoa perolada e terminavam com um céu tingido de lilás. O castelo, em sua imponência serena, não era uma prisão — mas um refúgio. E, ainda assim, para Clarice, acostumada à dureza da solidão, cada gesto de bondade era quase um espinho na pele. Um lembrete de que ela não sabia como... ser cuidada.
Ela passava a maior parte do tempo na varanda de seu quarto, coberta por mantas suaves e cercada por almofadas que Mara ajeitava com um carinho maternal. A ômega mais velha sempre chegava cedo, com chá quente, frutas frescas e um sorriso nos lábios.
— Dormiu bem, meu bem? — perguntava Mara, com a voz doce, já abrindo as cortinas para o dia entrar.
Clarice respondia com um aceno de cabeça ou um murmúrio baixo. Ainda se sentia constrangida com tanta atenção.
— Você ronca um pouquinho quando está virando de lado. Só pra saber. — Mara disse certa manhã, tentando disfarçar o riso.
— O quê? — Clarice arregalou os olho