Paloma abriu os olhos devagar. A claridade suave da manhã atravessava as cortinas do quarto, desenhando linhas douradas sobre os lençóis. A primeira coisa que viu foram os olhos de César, fixos nela. Ele não se moveu, não piscou. Apenas a observava, como se buscasse decifrar cada traço seu.
— Há quanto tempo está me olhando assim? — perguntou, a voz ainda rouca de sono.
Ele não respondeu. Apenas se inclinou e a beijou de repente, com urgência contida. Antes que Paloma tivesse tempo de assimilar, ele já se erguia, afastando o lençol.
— Preciso de um banho. — disse num tom prático, como se o beijo não tivesse acontecido.
Paloma permaneceu imóvel, sentindo os lábios ainda quentes. O som do chuveiro preencheu o quarto, mas ela continuava deitada, tentando entender aquele gesto contraditório.
Quando César voltou, já com a toalha enrolada na cintura, foi direto ao closet. Enquanto escolhia a camisa, ainda de costas, começou a explicar:
— Vou ter que passar a semana em Santa Catarina.
Paloma