Paloma parou no batente, o corpo rígido, o coração martelando no peito.
Ali estava ele.
César Monteiro, sentado em uma das cadeiras de reunião, os cotovelos firmes nos braços, o olhar fixo nela. O mesmo olhar de desconfiança que a atingira no primeiro dia em que se conheceram, quando a tratara com desdém e ironia. O tempo parecia ter dado voltas apenas para trazê-los de volta àquele ponto — mas agora havia algo diferente: uma ferida exposta entre os dois, que latejava em silêncio e queimava mais do que qualquer palavra dita.
— Fiquei de olho na senhorita Franco direitinho, Dr. Victor, como o senhor pediu. — O Sr. Silva pigarreou, ajeitando a gravata, com um ar de falsa solenidade, claramente divertido com o papel que lhe coubera naquele teatro.
Paloma sentiu o sangue subir ao rosto. Não conseguiu sustentar os olhos de César e desviou o olhar, corando de raiva e frustração.
— O quê? — perguntou ao gerente, a voz mais aguda do que pretendia. — O que significa tudo isso?
Foi então que Vi