Duas semanas haviam passado desde o dia em que Paloma entrara naquela pequena igreja do bairro, tentando encontrar paz.
Desde então, sua vida parecia suspensa, como se vivesse à beira de um penhasco sem coragem de olhar para baixo.
Tia Cida ligou alguns dias antes para confirmar: estava organizando as coisas em João Pessoa e iria morar com ela em São Paulo.
Paloma sentiu o peito aquecer de gratidão.
— Vou ajudar cê com esse bebê, minha fia. Não pense que vai carregar esse peso sozinha.
Por um instante, porém, Paloma teve a impressão de que a tia escondia algo. Uma hesitação na voz, uma frase cortada no meio… Mas Cida não falou nada. E ela não insistiu.
Quanto aos pais, continuavam distantes. Paloma sequer cogitou ligar para contar sobre a gravidez. Não faria diferença. O divórcio deles, anos antes, fora uma ruptura tão grande que cada um seguiu com sua nova família, como se ela fosse um detalhe esquecido.
E César… Ah, César...
Quantas vezes ela quase pegou o celular, discando o númer