Paloma respirava fundo, as mãos úmidas agarradas à bolsa, enquanto esperava o interfone chiar. Do lado de dentro, vozes misturadas a risadas se aproximavam. Música suave escapava pela janela aberta da sala, um piano acompanhado por violinos, como se o ar carregasse uma elegância que não combinava com a poeira da rua onde ela estava.
Não parecia uma tarde comum.
O portão se abriu apenas o suficiente para que uma figura surgisse na fresta. Leliana.
Estava impecável. O vestido de seda azul delineava-lhe a cintura, os cabelos presos em um coque elegante que deixava o pescoço à mostra, e alguém poderia dizer que ela era uma obra de arte. A maquiagem destacava o olhar, e o sorriso… bem, o sorriso não era de boas-vindas. Era frio, calculado, cheio de uma superioridade intimidante.
— Ora, veja só… — disse ela, cruzando os braços com uma calma ensaiada. — Não esperava outra pessoa no portão além dos convidados.
Paloma manteve a postura. A respiração era irregular, mas o olhar não vacilou.
— Pr