Assim que chegou ao casebre, foi direto para o chuveiro, deixando a água cair sobre a pele quente, como se pudesse lavar junto a raiva e a tensão. Dois pensamentos se revezavam em sua mente, insistentes.
O primeiro: tia Cida já podia se dar por satisfeita por ter arrancado algum dinheiro da Indústrias Monteiro. Depois da demonstração de brutalidade de César, Paloma queria distância dele e de qualquer um que tivesse o mesmo sangue.
O segundo: precisava vender a propriedade de Charles o quanto antes. Quanto mais rápido encerrasse aquele assunto, melhor.
Fez um café forte, daqueles que quase queimam a língua, e engoliu uma tapioca insossa, mais por hábito do que por fome. Então, pela primeira vez desde que chegara a Cabaceiras, resolveu vestir um vestido. Não sabia ao certo por quê, mas sentiu uma estranha necessidade de parecer deliberadamente feminina. Talvez fosse uma tentativa inconsciente de recuperar o controle, de se sentir segura.
Queria varrer da mente a cena da manhã. Nunca, em