A voz dele veio firme, quase impaciente.
— Não vai conseguir andar até lá sozinha.
Paloma ergueu o olhar e, com um aperto no estômago, percebeu que a trilha por onde viera estava mergulhada numa escuridão quase palpável. As luzes da cidade brilhavam ao longe, mas a parte isolada onde ficava o casebre era um breu absoluto.
Se César Monteiro imaginava que ela pediria ajuda, estava redondamente enganado.
Poderia levar a noite inteira para achar o caminho, não importava. Já tinha passado vergonha demais diante dele. Aquela noite, no conforto de um sofá caro, ele poderia se divertir às custas das trapalhadas dela, mas não ganharia mais material.
Deu outro passo, os lábios apertados para não gemer de dor.
— Está sendo tola — ele provocou, a voz baixa, mas carregada. — Só porque quer se livrar de mim...
— Não quero me livrar de você! — retrucou, girando o corpo para encará-lo. — Só não vou deixar que ria de mim.
— Não estou rindo. — O tom dele endureceu. — Estou preocupado. Você nem sabe a