Mundo ficciónIniciar sesiónAyla Morgan sempre foi diferente. Órfã desde os sete anos, ela carrega um mistério que nem ela mesma compreende: por que sua mente é um santuário impenetrável? Por que sua presença desperta tanto fascínio quanto perigo? Quando Dorian Valecliff chega a Ravenmoor com sua enigmática família, Ayla se vê presa entre dois mundos que não deveria conhecer. De um lado, Kai Blackwood, seu protetor de anos, esconde segredos sobre o passado dela que podem mudar tudo. Do outro, Dorian a observa com uma intensidade perturbadora, incapaz de ler seus pensamentos pela primeira vez em quase dois séculos. Mas há algo muito maior em jogo. Forças obscuras a espreitam nas sombras, sedentas pelo que corre em suas veias. Algo que ela nem sabe que possui. Algo pelo qual estão dispostos a matar. Em uma cidade onde vampiros e lobisomens coexistem em trégua frágil, Ayla descobrirá que sua origem não é apenas um mistério — é uma maldição. E que o maior perigo pode não vir de fora, mas do próprio sangue que a mantém viva.
Leer másO volante escapou das minhas mãos por uma fração de segundo.
Foi o suficiente.
O impacto sacudiu o carro inteiro, um baque surdo seguido pelo rangido de freios contra o asfalto molhado. Meu coração disparou enquanto eu pressionava o pedal até o fim, os pneus derrapando antes de finalmente pararem.
Silêncio.
Apenas a chuva fina batendo no para-brisa e minha respiração descompassada preenchiam o interior do veículo. Apertei o volante com força, os dedos brancos de tensão, enquanto tentava processar o que tinha acontecido.
*Não, não, não...*
Desliguei o motor com as mãos trêmulas e abri a porta. O ar frio da noite me atingiu em cheio, carregando o cheiro de terra úmida e pinheiros. A estrada estava deserta — como sempre ficava depois das onze da noite —, apenas a luz fraca dos faróis iluminando a neblina que se formava entre as árvores.
E então eu vi.
Um corpo grande, escuro, caído alguns metros à frente. Pelagem negra brilhando sob a chuva.
*Um lobo.*
Meu estômago revirou. Corri até ele, os tênis afundando nas poças d'água, e me ajoelhei ao lado do animal. Era enorme, maior do que qualquer lobo que eu já tinha visto em documentários. O peito subia e descia em movimentos irregulares, mas ele ainda estava vivo.
— Desculpa, desculpa... — sussurrei, a voz falhando. — Eu não vi você...
Estendi a mão devagar, querendo tocá-lo, verificar se havia algo que eu pudesse fazer. Mas no instante em que meus dedos roçaram a pelagem úmida, o lobo se contorceu violentamente.
A dor veio antes que eu entendesse o que tinha acontecido.
Suas garras rasgaram meu antebraço, três linhas profundas de fogo líquido que me fizeram gritar e recuar. Segurei o braço ferido contra o peito, sentindo o sangue quente escorrer entre meus dedos.
O lobo ofegava, os olhos dourados semicerrados, como se estivesse lutando para permanecer consciente.
— Tudo bem... — murmurei, mesmo com a dor latejando. — Você está assustado. Eu entendo.
Recuei mais alguns passos, tirando o celular do bolso com a mão que ainda funcionava direito. A tela iluminada tremia na minha visão embaçada enquanto eu procurava o contato.
Kai atendeu no segundo toque.
— Ayla? — A voz grave dele carregava preocupação imediata. — São quase meia-noite, o que—
— Eu atropelei um lobo. — As palavras saíram rápidas, quase histéricas. — Na estrada de volta pra casa. Kai, ele está ferido e eu não sei o que fazer, eu—
— Onde você está exatamente?
— A uns cinco quilômetros da entrada da cidade, perto daquela curva fechada antes da ponte.
— Não se mexa. Estou indo.
A ligação caiu.
Pressionei o braço ferido com mais força, tentando ignorar a ardência, e voltei meu olhar para o lobo. Ele havia parado de se debater, mas seus olhos continuavam fixos em mim. Havia algo perturbadoramente *humano* naquele olhar.
*Impossível.*
Balancei a cabeça. Devia ser o choque.
Os minutos se arrastaram como horas até que vi os faróis da picape de Kai cortando a neblina. Ele estacionou atrás do meu carro e desceu num movimento fluido, os passos longos comendo a distância entre nós.
— Você está bem? — perguntou, as mãos grandes segurando meus ombros enquanto me examinava de cima a baixo.
Kai ficou sozinho na cozinha, a colher esquecida na pia.O sorriso tinha desaparecido completamente.*Vampiro.*O cheiro estava ali. Fraco, mas inconfundível. Vindo da janela. E... de cima. Do quarto de Ayla.Seus punhos se fecharam. A raiva fervendo sob a pele.*Filho da puta esteve dentro da casa. No quarto dela.*Queria subir. Queria arrancar a cabeça de quem quer que tivesse invadido o espaço dela. Mas não podia. Não sem assustar as meninas. Não sem revelar coisas que Ayla ainda não estava pronta para saber.Respirou fundo, forçando o controle de volta.Caminhou até a sala, onde as três estavam agora mergulhadas no filme.— Boa noite, meninas.— Já vai? — Ayla virou, surpresa.— Já. — Ele forçou um sorriso. — Divirtam-se.E saiu.Mas não foi para casa.Ficou parado na frente da casa delas, os sentidos em alerta máximo, vasculhando a área. O cheiro de vampiro estava mais forte do lado de fora. Partindo em direção à floresta.E então ele viu.Uma sombra. Rápida demais para ser human
A porta da frente se abriu com força, me fazendo dar um pulo no sofá.— JESUS! — Emma gritou, virando para ver quem era.Kai estava parado ali, o peito subindo e descendo como se tivesse corrido, os olhos vasculhando a sala com urgência.— Vocês estão bem?Sophie se levantou devagar, confusa.— Kai? O que—— Estão bem? — repetiu ele, entrando sem ser convidado, a tensão óbvia em cada músculo.— Estamos... — comecei, mas Emma me interrompeu.— Você veio aqui pra falar com a Ayla? — Ela cruzou os braços, um sorrisinho malicioso aparecendo. — No meio da noite? Interessante...O rosto de Kai ficou levemente vermelho, mas ele desviou o olhar rapidamente.— Não. Eu só... queria ter certeza que estava tudo bem aqui.— Por quê? — Sophie inclinou a cabeça. — Aconteceu alguma coisa?— Não. — Rápido demais. — Só... checando.Emma e Sophie trocaram um olhar significativo que me fez revirar os olhos.— O que vocês estão fazendo? — Kai mudou de assunto, os olhos finalmente pousando em mim.— Festa
A porta da frente se abriu com força, me fazendo dar um pulo no sofá.— JESUS! — Emma gritou, virando para ver quem era.Kai estava parado ali, o peito subindo e descendo como se tivesse corrido, os olhos vasculhando a sala com urgência.— Vocês estão bem?Sophie se levantou devagar, confusa.— Kai? O que—— Estão bem? — repetiu ele, entrando sem ser convidado, a tensão óbvia em cada músculo.— Estamos... — comecei, mas Emma me interrompeu.— Você veio aqui pra falar com a Ayla? — Ela cruzou os braços, um sorrisinho malicioso aparecendo. — No meio da noite? Interessante...O rosto de Kai ficou levemente vermelho, mas ele desviou o olhar rapidamente.— Não. Eu só... queria ter certeza que estava tudo bem aqui.— Por quê? — Sophie inclinou a cabeça. — Aconteceu alguma coisa?— Não. — Rápido demais. — Só... checando.Emma e Sophie trocaram um olhar significativo que me fez revirar os olhos.— O que vocês estão fazendo? — Kai mudou de assunto, os olhos finalmente pousando em mim.— Festa
— Mais pipoca! — Emma jogou uma almofada no sofá. — E dessa vez com *bastante* manteiga!Sophie riu, ajeitando os óculos enquanto procurava o controle remoto entre as cobertas espalhadas pela sala.— Você vai ter um ataque cardíaco antes dos trinta, Emma.— Mas vou morrer feliz.Sorri, balançando a cabeça enquanto caminhava até a cozinha. A casa estava aquecida e aconchegante, cheia daquela energia boa que só noites de pijama com as melhores amigas conseguiam trazer. Tínhamos cookies recém-assados numa travessa, brigadeiros de copinho na geladeira, e eu estava prestes a fazer brigadeiro de panela — o favorito absoluto de todo mundo.Coloquei a panela no fogo, adicionando leite condensado, chocolate em pó e manteiga. Comecei a mexer devagar, observando a mistura começar a borbulhar.Foi quando a janela se abriu.De repente. Violentamente.O vento entrou com força, fazendo a cortina voar e batendo alguns papéis da bancada no chão. Dei um pulo para trás, o coração disparando, a colher de
— Nós nem conversamos muito no dia a dia. — Lucian continuou, a voz carregando certa melancolia. — Ele está sempre lá, trancado no quarto. Ou em algum canto tranquilo da casa, lendo. É o jeito dele de lidar com... bem, com o mundo.Havia algo na forma como ele falava que me fez sentir culpada.— Ele passou por algo difícil?Lucian hesitou, como se estivesse decidindo o quanto poderia revelar.— Sim. — disse finalmente. — Mas ele está melhorando. Devagar. E ter você como colega de turma... acho que pode ser bom para ele. Mesmo que ele não demonstre.— Eu vou tentar ser mais paciente. — prometi. — E menos... julgadora.— Obrigado. — O sorriso de Lucian voltou, genuíno e caloroso. — Significa muito.***Quando finalmente saí do prédio, o sol já estava começando a se pôr. Entrei no carro ainda processando tudo. Tinha um emprego. Um emprego *de verdade*. Com um salário que me ajudaria a realizar meus sonhos.Mas enquanto dirigia de volta para Ravenmoor, não conseguia parar de pensar em Luc
— Terminando o ensino médio. Último ano.— E depois pretende ir para qual universidade?Hesitei.— Não sei ainda. Depende de onde eu conseguir bolsa. Ou... de quanto dinheiro eu juntar.Lucian assentiu devagar, como se estivesse processando cada palavra. Havia algo nos olhos dele que me deixava emocionada sem entender por quê. Como se ele realmente *ligasse*.— Me conta mais. — Ele se inclinou levemente. — Sobre seus sonhos. Por que medicina?E então eu falei.Contei sobre como sempre quis ajudar pessoas. Sobre como me fascinava a ideia de entender o corpo humano, de curar, de salvar vidas. Contei sobre as noites que passava lendo artigos científicos, assistindo documentários médicos, imaginando um futuro onde eu fizesse diferença.Falei mais do que pretendia. Mais do que deveria numa entrevista de emprego.Mas Lucian apenas ouvia. Realmente ouvia. E quando terminei, vi algo brilhando nos olhos dele que me surpreendeu.*Orgulho?*Não. Impossível. Ele mal me conhecia.— Você vai ser um
Último capítulo