Mundo ficciónIniciar sesión— Você... — começou ele, a voz baixa, quase inaudível.
Mas não terminou. Apenas continuou olhando, agora com confusão. Frustração.
Meu coração disparou. Não de atração. De *medo*.
— Eu preciso ir — sussurrei, dando mais um passo para trás.
Virei e saí dali o mais rápido que pude sem correr. Senti o olhar dele em minhas costas o tempo todo, pesado, intenso, perturbador.
Quando cheguei ao corredor principal, encostei na parede, tentando controlar a respiração.
* Mais que diabos aconteceu? *
***
Enquanto Ayla tentava entender o que tinha acontecido na biblioteca, Kai estava tendo seu próprio pesadelo.
A floresta Thornwood era território dos lobos há décadas. As árvores antigas formavam um dossel denso, bloqueando a luz do sol e criando sombras permanentes. Era ali que a matilha se reunia. Era ali que Kai se sentia seguro.
Mas hoje, dois vampiros tinham invadido seu território.
Kai estava em forma humana, braços cruzados, maxilar travado enquanto encarava Lucian e Celeste Valecliff. Sua mãe, Elara, estava ao seu lado, a postura ereta, os olhos cinza-claros vigilantes.
— Viemos em paz — disse Lucian, a voz calma mas firme. Ele era alto, imponente, com cabelo preto perfeitamente penteado e olhos que haviam visto séculos. — Queremos estabelecer uma aliança.
— Aliança? — Kai cuspiu a palavra. — Vocês acham que eu vou fazer aliança com sanguessugas?
— Kai. — A voz de Elara carregava advertência.
Mas ele não ligou.
— Ouvi falar de vocês. — Deu um passo à frente. — Ouvi as histórias. Vocês eram monstros. Bebiam sangue humano como se fosse água. Mataram centenas.
— *Éramos*. — Celeste falou pela primeira vez, a voz suave. Ela era bonita de uma forma sobrenatural, cabelo loiro caindo em ondas perfeitas. — Mudamos. Não bebemos sangue humano há mais de um século.
— E eu deveria acreditar em vocês por quê? — Kai riu sem humor. — Porque decidiram virar santos?
— Porque temos um inimigo em comum. — Lucian não desviou o olhar. — E porque sabemos sobre a garota.
O sangue de Kai gelou.
— Que garota?
— Não finja. — Lucian inclinou a cabeça. — Sabemos que vocês estão protegendo alguém. Alguém importante. E sabemos que há outros procurando por ela.
Elara colocou a mão no braço de Kai, um gesto silencioso de contenção.
— Viemos para ajudar — disse Celeste. — Não para ameaçar.
— A cidade estava muito bem sem vocês — rosnou Kai. — Não precisamos da ajuda de vampiros.
— Mas vocês não estão sozinhos, estão? — Lucian cruzou os braços. — Há outros clãs. Outras matilhas. E nem todos são... civilizados.
— A gente dá conta.
— E os renegados? — A pergunta veio afiada. — Vocês também dão conta deles?
O silêncio que se seguiu foi pesado.
Kai sabia exatamente sobre quem Lucian estava falando. Vampiros renegados eram monstros que não seguiam nenhuma lei. Que matavam por prazer. Que caçavam por poder.
E que estavam ficando cada vez mais ousados.
— Meus filhos estão estudando na mesma escola que ela. — Lucian continuou, a voz neutra. — Podemos vigiá-la de perto. Garantir que nada aconteça.
Kai explodiu.
— FILHOS? — Deu um passo ameaçador. — Seus filhos estão perto dela? Seus *malditos* filhos estão NA ESCOLA DELA?
— Kai! — Elara o segurou pelo braço.
Mas ele se soltou.
— Vocês mantêm esses desgraças longe da Ayla. Longe! Se eu descobrir que um deles encostou nela, eu arranco a cabeça de cada um. Entenderam?
— Dorian não vai machucá-la. — A voz de Celeste estava calma, mas firme. — Ele tem controle.
— Dorian? — Kai riu, mas não havia humor ali. — Ah, ótimo. E quem é esse Dorian?
Lucian suspirou.
— Meu filho mais velho. Nós o... resgatamos. De vampiros renegados.
O estômago de Kai afundou.
— Resgataram?
— Ele foi capturado quando era jovem. Torturado. Transformado à força. — Lucian falou devagar, como se cada palavra doesse. — Nós o tiramos de lá antes que eles destruíssem o que restava de humanidade nele.
— Não me importa a história triste dele. — Kai deu mais um passo, os olhos começando a brilhar dourados. — Se ele encostar nela, eu acabo com ele. E com vocês também.
— Você não entende. — Celeste se aproximou. — A garota não está segura sem nós. Os renegados sabem quem ela é. Sabem o que ela é. E eles vão vir atrás dela.
— Então deixa eu ser bem claro. — Kai inclinou para frente, a voz saindo num rosnado baixo e perigoso. — Mantenham seus filhos *longe* da Ayla. Não me importa quantos vampiros renegados existem por aí. Eu cuido dela. *Eu*. Não vocês. Entendido?
Lucian segurou o olhar dele por um longo momento antes de acenar lentamente.
— Entendido.
Kai se virou e saiu, os músculos tensos, os punhos cerrados. Sentia a raiva pulsando em suas veias, a necessidade d
e se transformar e correr, gritar, destruir alguma coisa.
como sabem dela?
Isso não ia acabar bem.







