Ponto de Vista: Rafaella Ferraro
A escuridão tem cheiro.
Cheiro de mofo, sangue seco e terror.
Não sei há quantas horas estou aqui. Talvez dias.
Meus pulsos estão em carne viva, amarrados em cordas ásperas presas a uma cadeira enferrujada. O piso de cimento é frio. Cada parte do meu corpo lateja. Cada respiração dói.
A primeira vez que me bateram, eu não gritei.
Queria mostrar força. Mostrar que não podiam me quebrar.
Na segunda vez, eu chorei.
Agora, só fecho os olhos e espero.
Eles voltam sempre aos pares. Homens sem rosto, olhos vazios, sorrisos sádicos. Gritam, xingam, me empurram. Um deles me deu um tapa tão forte que vi estrelas. Outro arrancou o colar do meu pescoço e jogou longe. Eu quase entrei em pânico. Mas se ele tinha rastreador... talvez já saibam onde estou.
Mas a esperança é frágil.
Hoje, ela veio.
Antonella Ricci.
Vestida como se fosse a dona do mundo, com seus saltos estalando no chão e o olhar carregado de ódio. Ela se aproximou de mim, sorriu como uma serpente e es