POV Rafaella Ferraro
O quarto era silencioso, exceto pelo bip ritmado das máquinas conectadas ao corpo imóvel de Salvattore. Ainda era estranho vê-lo assim — pálido, vulnerável, parado. O homem que sempre foi tempestade, força e intensidade agora parecia feito de cera.
Sentei ao lado da cama, com as mãos entrelaçadas às dele. Chiara estava ali também, no sofá do canto, e tentava a todo custo manter o clima leve, mesmo com os olhos inchados.
— Quando a Mamma pegou vocês dois com o pé de cabra tentando arrombar a adega do papai... — ela ria, e sua voz ecoava como música no espaço estéril — Matteo botou a culpa toda no Salvattore. Ele ficou de castigo por uma semana. Mas sabe o pior? Ele ficou feliz por ter sido ele a levar a culpa. Disse que Matteo chorava feio demais.
Sorri, apesar do aperto no peito. Meus olhos estavam vermelhos, cansados de tanto chorar, mas Chiara tinha razão: aquelas histórias traziam alguma esperança, como se o riso pudesse trazer a alma dele de volta.
— Salvattor