A lua ainda brilhava sobre o campo devastado, mas o brilho já não era de triunfo. Era inquieto, pesado, como se o próprio céu soubesse que a guerra vencida não bastava para selar paz alguma. Debaixo dessa luz instável, eu ouvi as matilhas murmurando entre si, divididas, exaustas, feridas demais para celebrar, revoltadas demais para ficarem caladas.
Os sobreviventes respiravam medo.
Medo do futuro.
Medo do vazio de liderança.
Medo uns dos outros.
A presença da lua os mantinha em silêncio. Mas não em concordância.
Os Alfas sobreviventes se aproximaram, formando um semicírculo diante de nós, cada um com seus betas ao lado, o cheiro de sangue seco grudado na pele. As matilhas rivais, antes unidas pela ameaça maior, começavam a erguer os dentes novamente — desta vez umas contra as outras.
— A guerra acabou — disse um dos Alfas, a voz rouca. — Mas o que garante que outra não começará amanhã? Quem garante que a matilha de Danilo não vai tentar dominar tudo?
Outro respondeu com escárnio, cusp