A claridade que rasgou o teto se recolheu do mesmo jeito que veio, como se a noite tivesse engolido um relâmpago inteiro e guardado os estilhaços para depois. O templo respirava em intervalos curtos, e eu também. A pedra sob minhas costas parecia ter aprendido meu pulso, martelando com ele, como se quisesse convencer o corpo a desistir.
Os acólitos fecharam as aberturas com painéis de ferro forjado. O brilho do lado de fora virou filetes, e a lua restou apenas como lembrança no cheiro do ar. O sacerdote não se apressou. Recolheu o bastão, tocou as próprias têmporas com as pontas dos dedos e inspirou devagar, como quem volta ao compasso certo para dirigir uma orquestra que já sabe a música.
— O Círculo de Sucção.
Três figuras surgiram das sombras empurrando um aro de metal escuro, grosso, com espinhos para dentro, cada ponta gravada com símbolos que eu reconheci por instinto: antífonas de negação. Quando aproximaram o aro do altar, o ar mudou de densidade. O cheiro de ferro ganhou um s