O amanhecer chegou lento, cinzento, frio.
A chuva cessara, mas o som das gotas ainda escorria das pedras acima da caverna, caindo em intervalos ritmados, quase como uma respiração.
Passei horas acordada, observando o peito de Danilo subir e descer, cada movimento uma batalha silenciosa contra a morte.
O fogo improvisado com galhos úmidos mal aquecia o ar.
O cheiro de fumaça se misturava ao de sangue e terra molhada, e o silêncio era tão espesso que parecia que o mundo inteiro esperava o que viria a seguir.
Limpei o ferimento dele de novo.
O sangue havia parado de escorrer, mas a pele ainda queimava sob meus dedos.
Ele gemia baixo, inconsciente, o rosto contraído como se lutasse em sonhos.
O toque dele me fazia estremecer.
Era como segurar algo proibido, sagrado e perigoso ao mesmo tempo.
Os dedos dele estavam frios. Segurei a mão dele nas minhas, tentando devolver algum calor.
A loba sussurrou, suave, no fundo da mente.
Ele vive porque você quis. A lua escutou.
Olhei para o corpo dele