Capítulo 69

O amanhecer chegou lento, cinzento, frio.

A chuva cessara, mas o som das gotas ainda escorria das pedras acima da caverna, caindo em intervalos ritmados, quase como uma respiração.

Passei horas acordada, observando o peito de Danilo subir e descer, cada movimento uma batalha silenciosa contra a morte.

O fogo improvisado com galhos úmidos mal aquecia o ar.

O cheiro de fumaça se misturava ao de sangue e terra molhada, e o silêncio era tão espesso que parecia que o mundo inteiro esperava o que viria a seguir.

Limpei o ferimento dele de novo.

O sangue havia parado de escorrer, mas a pele ainda queimava sob meus dedos.

Ele gemia baixo, inconsciente, o rosto contraído como se lutasse em sonhos.

O toque dele me fazia estremecer.

Era como segurar algo proibido, sagrado e perigoso ao mesmo tempo.

Os dedos dele estavam frios. Segurei a mão dele nas minhas, tentando devolver algum calor.

A loba sussurrou, suave, no fundo da mente.

Ele vive porque você quis. A lua escutou.

Olhei para o corpo dele
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