O rio corria ao meu lado, largo e silencioso, refletindo o brilho frio da lua.
As colinas pareciam suspirar à medida que eu passava, como se guardassem segredos que ninguém mais ousava contar.
O colar que a loba do Vale me dera ainda pulsava no pescoço, quente, vivo, como se tivesse coração próprio.
O vento soprava contra o rosto, levando o cheiro úmido da floresta e o sal da minha pele.
Eu caminhava sem parar desde o amanhecer, guiada pelo instinto, pela dor e por algo que se escondia entre os dois, a esperança.
A loba dentro de mim estava inquieta.
Há olhos sobre nós.
Caçadores?
Humanos. Homens que não sabem o que caçam, mas sentem prazer em matar.
Tentei me concentrar no som da água, no ritmo dos passos, mas o ar ao redor começou a mudar.
O vento cessou.
Os grilos silenciaram.
Até o rio pareceu prender a respiração.
Foi então que ouvi.
Um estalo seco.
Depois, outro.
O cheiro de metal e pólvora invadiu o ar.
— Droga — murmurei.
Corri.
O primeiro disparo atingiu o tronco ao lado, esp