Capítulo 59

O rio corria ao meu lado, largo e silencioso, refletindo o brilho frio da lua.

As colinas pareciam suspirar à medida que eu passava, como se guardassem segredos que ninguém mais ousava contar.

O colar que a loba do Vale me dera ainda pulsava no pescoço, quente, vivo, como se tivesse coração próprio.

O vento soprava contra o rosto, levando o cheiro úmido da floresta e o sal da minha pele.

Eu caminhava sem parar desde o amanhecer, guiada pelo instinto, pela dor e por algo que se escondia entre os dois, a esperança.

A loba dentro de mim estava inquieta.

Há olhos sobre nós.

Caçadores?

Humanos. Homens que não sabem o que caçam, mas sentem prazer em matar.

Tentei me concentrar no som da água, no ritmo dos passos, mas o ar ao redor começou a mudar.

O vento cessou.

Os grilos silenciaram.

Até o rio pareceu prender a respiração.

Foi então que ouvi.

Um estalo seco.

Depois, outro.

O cheiro de metal e pólvora invadiu o ar.

— Droga — murmurei.

Corri.

O primeiro disparo atingiu o tronco ao lado, esp
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