A tempestade havia parado, mas o ar ainda cheirava a ferro e medo.
A cidade dormia sob uma falsa calmaria, e eu caminhava pelas ruas vazias tentando ignorar o peso do que o estranho me dissera. Cada passo parecia ecoar um aviso. A loba dentro de mim estava inquieta.
Senti o vento mudar de direção e o frio correr pela espinha.
Alguém estava vindo.
O farol de um carro apagado piscou três vezes na esquina. Depois, o silêncio. Nenhum som além do bater do meu coração. As luzes da rua oscilaram e, por um segundo, o mundo pareceu prender a respiração.
Então ouvi.
Um estalo seco.
Outro.
E o primeiro grito.
O vidro de uma janela se estilhaçou, e uma sombra atravessou o beco.
Corri.
A loba rugia dentro de mim, pedindo pra sair, pra lutar, pra não me esconder de novo. Mas eu ainda não sabia controlar a força que vinha com ela.
O cheiro invadiu o ar, pólvora, óleo e sangue fresco.
Caçadores.
Três deles surgiram na rua à frente, armados com lâminas e rifles adaptados com prata.
O brilho frio do me