A noite começou como tantas outras, no quarto apertado do abrigo. O colchão era duro, o travesseiro cheirava a mofo e o cobertor mal aquecia contra o frio. Fechei os olhos tentando silenciar a mente, mas as lembranças insistiam em voltar. Os caçadores. O estranho que me chamara de Luna. O olhar de Danilo me rejeitando diante de todos. A dor que nunca deixava de latejar, como uma cicatriz que não cicatriza.
Rolei na cama, inquieta, o corpo pedindo descanso, mas o coração em guerra. Foi quando senti a mudança. O ar pareceu mais pesado, como se um vento invisível tivesse invadido o quarto. Um arrepio percorreu minha pele, e abri os olhos de repente.
Não estava mais no abrigo.
Ao meu redor, um campo aberto se estendia sob a lua cheia. O céu era