As marcas ainda ardiam na minha pele. Eu as escondia sob a blusa simples, mas cada vez que passava a mão pelo braço ou pelo ombro, sentia o calor latejante, como se o sonho tivesse sido real. E no fundo, eu sabia que tinha sido.
Danilo.
O nome pulsava dentro de mim, como um feitiço que eu não conseguia quebrar. Eu passava os dias tentando me convencer de que nada daquilo significava algo, que era apenas um reflexo do passado, um engano dos sentidos. Mas à noite, quando fechava os olhos, a lembrança do toque dele voltava com força. A lua parecia zombar de mim, lembrando que não importava a distância, o vínculo permanecia.
Na biblioteca, tentei ocupar a mente. O cheiro de papel velho, as vozes baixas de crianças pedindo ajuda com as lições, o som metálico do carrinho de livros deslizando entre as estantes. Eu sorria, respondia perguntas, arrumava volumes. Mas dentro de mim, havia um buraco que não parava de se abrir.
Quando a noite caiu, o abrigo estava mais silencioso do que o normal.