A estrada parecia não ter fim. Andei dias inteiros, sem olhar para trás, até que as colinas e as florestas que eu conhecia ficaram pequenas demais na minha memória. Quando meus pés tocaram o chão de asfalto da cidade, percebi que não havia retorno. Eu não era mais a garota da matilha, não era a filha da linhagem antiga. Eu era apenas Rebecca.
Ou pelo menos, tentava ser.
A cidade tinha um cheiro diferente, pesado, misturado de fumaça, gasolina e gente. Não havia o perfume da floresta, nem o som dos lobos à noite. Só buzinas, passos apressados e vozes desconhecidas. Pela primeira vez, ninguém me olhou como se soubesse o que eu era. E essa liberdade me assustava tanto quanto me aliviava.