Desde a noite em que a rejeitei diante da matilha, não houve silêncio dentro de mim. O salão ainda ecoava em meus ouvidos, não pelas palavras que pronunciei, mas pelo grito abafado que ficou preso no meu peito.
Rebecca. Gritou meu lobo bravo comigo.
Jamais poderia amar você.
Repito essa frase todas as noites, como se fosse uma oração capaz de me convencer. Como se repetir fosse suficiente para calar a verdade que lateja nas minhas veias. Mas não funciona. Quanto mais digo que foi o certo, mais sinto o vazio me rasgar por dentro.
Meu corpo não é mais o mesmo. O peito arde, como se tivesse sido atravessado por garras invisíveis. O coração lateja num ritmo irregular, e há um peso nos meus ossos que me deixa cansado, como se eu tivesse treinado horas seguidas. Mas o que mais me assusta não é a dor que consome meu corpo. É a sensação de incompletude. Como se metade de mim tivesse sido arrancada quando pronunciei aquelas palavras.
A mão direita não para de tremer. Tento disfarçar, fecho o p