Bertil correu como se o vento fosse sua única companhia, sua forma de raposa cortava os canyons com precisão, cada salto desenhando um rastro de poeira alaranjada que se desfazia no ar quente. Ele mal sentia o chão tocar sob as patas, a tensão em seu peito era tão grande que tudo se resumia ao movimento, ao instinto de chegar logo, ao desespero apertado atrás das costelas. A paisagem estreita e rochosa passava rápido, sombras longas projetadas pelas paredes altas dos penhascos, e o sol castigava sem misericórdia as fendas estreitas que formavam a entrada de seu território.
Quando finalmente avistou a grande fenda que dava acesso à Toca da Raposa, desacelerou apenas o suficiente para não derrubar as vigias que sempre guardavam o local. As duas raposas olhavam com estranheza ao vê-lo chegar com a respiração pesada e tanta pressa. Ele nem esperou perguntas, voltou à forma humana no mesmo instante, vendo as outras raposas se juntarem quando perceberam que ele tinha voltado.
— Bertil? — um