— Você devia deitar um pouco — Lyra sugeriu, aparecendo ao lado dele já no fim do dia, quando o sol batia de lado no pátio e alongava sombras.
— Se eu deitar, não levanto.
— Eu te levanto — ela retrucou, simples, e sorriu de canto. — A gente teve uma filha juntos, lembra? Já te levantei de coisa pior.
Ele riu sem som, deixou a cabeça cair um instante no ombro dela, só pra sentir o cheiro.
— Eu matei o mensageiro — confessou, como se ela não soubesse. — E isso foi certo e errado ao mesmo tempo.
— Foi você — Lyra disse. — E você é isso: amor violento e justiça imediata. Se Atlas ficar mais furioso por causa disso, problema dele, a gente fica mais atento.
Ele assentiu, agradecido por aquela tradução de quem ele era, e por um segundo quis contar que pressentia algo fora do plano, uma maré atravessando as defesas, não de Atlas, mas de casa. Engoliu. Não era hora de dividir mais um peso.
— Quando der nove, fecho os portões pequenos — ele avisou. — Só fica a passagem do leste com sentinela d