Lua enrolou um pacote com ataduras dentro de um saquinho de tecido e levou para o quarto; o suor na nuca, as mãos tremendo levemente de ansiedade e medo. Não gostava de esconder dos pais o que ia fazer, mas sabia que aquela era a decisão certa, mesmo assustada. A cada batida do coração, a imagem dele voltava: olhos vermelhos, o focinho junto do dela, o jeito engraçado e triste com que dissera “Lu-a”.
“Eu vou te ver hoje”, prometeu em silêncio, sem saber se prometia ao monstro ou ao homem que morava dentro dele.
Ela conferiu de novo o kit de curativo, soro fisiológico em frasco plástico, gaze estéril, ataduras, pomada, álcool 70 e fita microporosa, e olhou a mochila que Amber tinha arrumado pela milésima vez: garrafinha d’água, sachês de ervas, panos limpos e alguns sanduíches bem embrulhado em papel-toalha e saco zipado. Fechou tudo e empurrou com o pé para debaixo da cama. Quando se ergueu, Tailon estava na porta, o cabelo ruivo preso de qualquer jeito, os olhos claros sempre preocup