Os dias que se seguiram ao aniversário de Lua foram de calmaria aparente na alcateia Lua Sangrenta. O choque da transformação e a revelação de que ela era uma loba-oráculo ainda ecoavam entre aqueles que sabiam a verdade, mas, por fora, a vida parecia retomar seu ritmo. As risadas voltaram a preencher os corredores, os uivos de treinamento ecoavam pelas florestas, e as reuniões da alcateia voltaram a acontecer normalmente com jantares nos jardins que iam até tarde da noite.
Ainda assim, havia uma sombra pairando no ar.
— Ele continua aparecendo — resmungou um dos guardas numa manhã, enquanto voltava para os muros com a expressão irritada. — Aquele monstro maldito, sempre nos rondando... sempre fugindo antes que a gente consiga cercá-lo.
Os boatos se espalhavam, alguns juravam que tinham visto nos limites da mata, outros diziam que ouviam seus rosnados e uivos sempre que patrulhavam os limites do território, mas nunca proximo o bastante para ser visto, sempre escondido entre as árvores