— Não!
A palavra rasgou a garganta de Lua dolorosamente e ela ergueu o corpo de uma vez, os olhos arregalados, o peito arfando como se tivesse acabado de emergir de um mergulho fundo demais. O teto branco do hospital da alcateia estava acima de sua cabeça; o cheiro de ervas, álcool e fumaça de incenso lhe invadiu os pulmões. Por um instante, Lua não viu paredes, nem janelas, nem as cortinas claras movendo-se com a brisa, só cinzas, fogo e um lobo cinzento parado sobre um mar de sangue.
— Filha! — a voz de Lyra chegou antes do toque e, num segundo, a Luna estava com as mãos no rosto da filha, os olhos prateados assustados focados na menina. — Tá tudo bem, meu amor, mamãe tá aqui...
— Lua. — River inclinou-se do outro lado, grande demais para aquela cadeira de madeira, mas encolhido nela como se pudesse esconder a própria força para não assustá-la. Os olhos vermelhos dele estavam escuros, contidos, mas queimavam com a mesma intensidade de sempre. — Respira comigo, isso, mais uma vez. Es