O frio cortava os ossos. O silêncio era denso como fumaça.
Luna caminhava a passos trêmulos pelo corredor úmido e escuro, guiada apenas por uma pequena luz de emergência que piscava no teto baixo. A fuga havia sido por instinto — forçou as cordas até machucar os pulsos, que sangravam levemente. Achou a tranca solta da porta lateral. Escapou.
Mas agora... ela estava presa num labirinto.
Um internato abandonado. O lugar onde, segundo ouvira no rádio, Alícia havia sido criada. Um orfanato frio, financiado em segredo pelos Bragança para esconder escândalos e filhos indesejados.
Luna encostou-se na parede. Precisava pensar.
Foi então que ouviu passos. Não fortes. Não corridos. Passos calmos. Precisos.
Ela se escondeu atrás de uma porta meio caída e segurou a respiração.
A sombra se aproximava.
Alguém vestia um sobretudo escuro, alto, elegante… e quando parou diante de um grande espelho trincado ao fim do corredor, Luna viu o rosto refletido.
Não era Alícia.
Era Rodrigo Bragança.
O irmão de