Depois de passar anos estudando e me aplicando para ser bem-sucedido, finalmente eu tinha conseguido. Os anos na Cornell me ensinaram a superar meus limites. No primeiro ano na universidade foi diferente de tudo do que eu já tinha feito na vida. E o mais incrível era que os caras eram todos descolados e não ligavam a mínima para meu jeito nerd. Todos estavam preocupados em serem os melhores em seus cursos, e curtir cada festa regada a muita cerveja e música. Não fiz parte de nenhuma irmandade ou coisa do tipo. Não precisei disso. Minha transformação foi gradual e lenta. No segundo ano, eu já não era mais o mesmo trouxa. E isso foi muito bom, porque assim eu descobri quem era o verdadeiro Daniel Valdez.
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Elle Austin sempre foi a garota perfeita. Sempre foi aquela que todos amavam, que era chamada para todas as festas — mas, surpreendentemente, não gostava de festas, nem de sair até altas horas da noite. Estudiosa, líder de torcida e atleta, Elle tinha um sonho: tornar-se uma grande estrela.
Tudo isso foi esquecido no momento em que ela resolveu namorar apenas os caras errados.
Daniel Valdez era o melhor amigo de Elle. O primeiro aluno da turma, desengonçado, sofria com acnes que formavam verdadeiras crateras em seu rosto adolescente. Era apaixonado pela jovem líder de torcida.
Mas, ao contrário do que pensava de si mesmo, o moreno alto, de cabelos negros e lisos, tinha os mais belos olhos verdes, com riscos amendoados na íris — olhos que Elle nunca notou. Ele era lindo. O típico patinho feio. O garoto mais bonito de Burnet. Só não havia se transformado ainda.
A vida dele mudou quando Elle se apaixonou por Edward Morrow. Um cara nada convencional e totalmente fora dos padrões — justamente o tipo que ele, Daniel, havia escolhido em segredo para ser o dono do coração da sua amada, já que não tinha coragem de se declarar para Elle.
Ele acha que ela é a culpada de tudo...
Copyright © 2025 Debby Scar
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consentimento por escrito da autora.
Romance registrado na Biblioteca Nacional.
Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou acontecimentos é mera coincidência.
Início do capítulo:
Elle era minha amiga desde a infância. Nascemos na mesma maternidade, e por incrível que pareça... Tínhamos a mesma idade. Apenas oito meses nos separava de realizar nossas festas de aniversário. Nossas famílias eram amigas a mais anos do que se podia imaginar, e eu? Bem, eu era loucamente apaixonado por Elle antes mesmo do primeiro dente-de-leite dela cair, e ela descobrir que não existia fada do dente. E que na realidade era a sua mãe, que sempre deixava uma moeda debaixo do travesseiro dela. Ela chorou por uma semana inteira, e acho que passou um bom tempo para poder se acostumar com o que tinha descoberto.
Éramos inseparáveis, acho que ela tinha pena pelo fato de eu ser tão decrépito. Elle cresceu com um brilho que poucas pessoas tinham, e com uma força de liderança única. Adorava o modo que ela mexia no cabelo, ou até mesmo o jeito que coçava o canto da boca quando estava nervosa. Às vezes imaginava beijando aquela boca, mas nesses momentos a realidade era cruel comigo. Me fazia lembrar que eu não era o cara certo para ela, e que ela nunca olharia para mim da mesma forma que eu a olhava.
Eu era apenas um reles mortal sonhando em possuir a mulher mais perfeita do universo.
Na escola só tinha olhos para ela, que sempre estava sorrindo ao lado da sua parceira de laboratório. O cabelo preso em um rabo de cavalo era a sua marca registrada, as pontas douradas e levemente cacheadas a deixavam com um ar angelical.
Elle era o tipo de garota que qualquer um naquela escola poderia se apaixonar, e não digo isso como melhor amigo dela. Afirmo porque sentia isso quando olhava os outros seguindo e escutando o que ela tinha para falar. Porém, como uma pessoa que entendia o que era ter a Elle como amiga, sabia como era conviver com a perfeição.
Eu era o ser mais esquisito do mundo, mas espere... Não era sempre que me sentia desse jeito. Elle com sua bondade, às vezes fazia com que eu me sentisse o ser mais perfeito do universo. Isso acabava quando eu a via com os outros amigos tirando sarro dela, por ser minha amiga. Ela não se importava, pelo contrário, me defendia como ninguém tinha me defendido na vida.
No caso dela, isso seria assassinato social, já que ela era a capitã das líderes de torcida e a atleta número um de Burnet. Só existia uma pessoa no mundo que sabia o que eu sentia por ela, o Estevan.
Estevan Oriol era o meu primo, que tinha chegado do México para acabar com o resto de vida que eu tinha. Ele não era apaixonado por Elle, mas a chamava de namorada. Não que eu tivesse ciúmes... Eu morria de ciúmes dela. Mas fazer o quê? Não poderia dizer que a amava. Os caras que ela namorava eram praticamente modelos da Calvin Klein. Não tinha como competir com eles. Eram sempre saradões, cheios de anabolizantes e músculos exagerados nos braços, e sem um pingo de cérebro. Acho que o cérebro tinha queimado com os anabolizantes de cavalos.
Todos no estilo 'pernas finas'... Braços musculosos e pinto pequeno, ou cérebro pequeno... Ou cérebro e pinto pequeno. Isso realmente não importava, se ela soubesse que era eu quem deveria beijar a sua boca. Gostava de pensar que ela estava com eles apenas pela beleza. Não ficava tentando imaginar algum deles passando as mãos nela... Não mesmo. Só em chegar a cogitar esse pensamento, eu já ficava roxo de raiva.
— Acorda... — resmungou Estevan, batendo na minha cabeça. — não é hora de sonhar, 'hermano'.
— Não dá — falei suspirando. —, ela é perfeita.
— Você só observa — reclamou ele sem paciência. —, uma hora você vai ter que falar com ela.
— Nunca. — rebati de maneira firme.
— Você é um molenga. — disse dando outra tapa na minha cabeça.
— Não é ser molenga... — expliquei arrumando a armação do óculos. — Só não sou o tipo certo para ela.
— Daniel, você sempre diz a mesma coisa “Não sou o tipo certo para ela”. — disse olhando para mim. — Ela não vai ficar aqui para sempre.
— Não importa. — dei de ombros, fingindo não me importar com o que ele tinha dito.
— Eu sei que você se importa — sussurrou meio que tentando segurar o riso —, você fica aí, se torturando, enquanto ela fica saindo com esses caras sem noção.
— Ao menos, eu sou o melhor amigo dela. — respondi querendo parecer indiferente.
— Sério? — falou irritado. — Você é um banana, sabia?
— Sou...
— O que os senhores tanto conversam? — pigarreou o professor de química mais chato do mundo, Senhor Ahern. Nos viramos, olhando para ele, fechando a boca. — Foi o que imaginei. Nada de produtivo. Senhor Valdez e Senhor Oriol na sala do diretor depois da aula. — todos estavam olhando para nós dois, ou melhor, olhando para mim.
— Droga... — resmunguei.
— Muito me surpreende o senhor, senhor Valdez. Você que é um exemplo de silêncio e invisibilidade — falou senhor Ahern com um olhar duro e frio direcionado a mim —, voltemos a nossa atenção para matéria.
— Desculpa cara, mas agora você vai ter um pouco de emoção. — sussurrou Estevan sorrindo, enquanto o senhor Ahern voltava a explicar a matéria e eu murchava na cadeira.
De longe dava para ver ela me olhando de lado.
— Sério. Você é um banana. — falou Estevan, abafando o sorriso.
— Senhor Oriol! — senhor Ahern se virou para encará-lo muito irritado. — O rapaz tagarela vai querer visitar a sala do diretor antes do previsto?
— Não senhor. — respondeu Estevan, se endireitando na cadeira, mas sem perder a cara de pau que só ele tinha.
— Olha o que você me faz passar... — resmunguei olhando sério para ele.
— Eu? — resmungou baixinho, fazendo cara de inocente. — Dani, eu sou a melhor parte da sua vida, e ao mesmo tempo a pior parte — disse contendo o riso — Você devia me agradecer por isso.
— Idiota. — falei para ele, balançando a cabeça. Mas era a mais pura verdade. Estevan era a parte mais emocionante que existia na minha vida, mesmo sendo do jeito errado.
— De nada. — falou ele, segurando o riso e assentindo com a cabeça.
— Já chega! — gritou senhor Ahern, e todos se assustaram — Vocês dois... — apontou com o indicador como se estivesse regendo uma orquestra — Para a diretoria, agora!
Seis anos depois...— Laura, quem é o rapaz sentando na sala, conversando com o seu pai? — perguntou a minha mãe, ainda na cozinha. Isso era o que ela fazia, quando não estava dando aulas de teatro, ou participando de alguma peça. Ás vezes, ela até fazia uma ponta em algum seriado ou filme.— Papai está falando com ele? — perguntei assustada, olhando para ela ainda mais preocupada. Meu pai era um cara legal, mas quando se tratava de garotos, ele se tornava uma fera, e acabava estragando qualquer tipo de relacionamento que eu tinha, até mesmo os platônicos. Senhor Daniel Valdez não era fácil, e estava ainda mais irritado com o fato de eu não ter aceitado ir para Cornell. Ele me protegia tanto, que às vezes eu me sentia sufocada pelo meu próprio pai.Em parte, eu entendia a sua preocupação comigo. Afinal, eu era, segundo ele, a sua princesinha. Peter ainda tinha cinco anos, e na cabeça do meu pai, ele não tinha com o que se preocupar. Meu pai ia educar o meu irmãozinho para manter os ga
Como eu tinha sido burro...Como eu tinha sido cego, durante todos aqueles anos, achando que ela seria capaz de fazer algo ruim contra mim...Depois de quase perder Laura, eu tive a certeza que era com Elle, que eu queria e deveria estar. Ver o rosto dela todas as manhãs e me apaixonar por ela, a cada dia que se passasse. Eu sempre fui, e sempre seria apaixonando por ela. O mais difícil, era admitir que todo aquele sentimento de raiva que eu sentia no passado, na verdade, era por não ter o amor dela.— Daniel — Kristen me chamou —, não fique assim. Você vai ver que tudo vai se resolver o mais breve possível — eu queria acreditar nela. Acreditar que Elle e Laura, ficariam comigo, formando uma grande família feliz. Porém, as coisas não estavam indo por aquele caminho do em breve, estava indo mais para um nunca.— Você pegou as passagens? — perguntei, tentando esconder o sofrimento que tinha no meu peito, e tentando ter o mínimo de dignidade.— O voo sai em uma hora. — informou ainda se
DanielMeu telefone tocou. Um número desconhecido apareceu no visor da tela, quando eu o abri. Olhei para Elle, e ela estava descontrolada. Não podia culpá-la por estar naquele estado, eu também me sentia impotente. Perdido. O celular continuou tocando, mas eu não queria atender. Eu queria ficar perto dela, e acalmá-la.— Seja lá quem for, não é uma boa hora para atender ligações — falei irritado quando me afastei mais um pouco de Elle, atendendo o telefone. Kristen estava com os olhos vermelhos e soluçando ao lado de Elle. Ela parecia cada vez mais fragilizada, sem saber notícias da filha. Laura era um pedaço da vida dela, e havia sumido.— Tenho certeza que é uma boa hora — a voz rouca disse com sarcasmo. Porém, não reconhecia a voz — eu não estou com bom pressentimento sobre o que vai acontecer...— Quem está falando? — perguntei falando mais baixo, para que ninguém me ouvisse. Se fosse algum engraçadinho, eu mesmo me encarregaria de descobrir e dar o devido corretivo. Não era uma
Eu me afastei um pouco dele, me levantando rapidamente, na tentativa de fugir dali, mas ele segurou meu braço, me puxando para ficar encaixada entre suas pernas, me prendendo enquanto segura minha cintura.— Onde você pensa que vai, jovem? — murmurou, colocando meus cabelos de lado, deixando meu pescoço exposto.— Me solte... — choraminguei quando senti sua barba roçar no meu pescoço, causando arrepios.— Acho que só vou soltar você, quando começar a responder as minhas perguntas — sua língua úmida saiu percorrendo o meu pescoço, chupando minha pele, enquanto sua mão passeava no meu quadril, até chegar à minha bunda — Vamos lá, basta apenas você responder as minhas perguntas...— Droga! — resmunguei quando ele chegou na orelha — Por você — murmurei, perdendo fôlego — o motivo é você! Satisfeito?— Eu? — sua voz tinha um som fingido de inocência — Por minha causa você que está aqui? — quando sua mão subiu pelo meu vestido, pensei que nunca imaginei que essa seria a escolha perfeita par
Assim que me aproximei da porta, parei imediatamente. Vozes alteradas, quase gritos, me deixaram preocupada. Eram duas vozes: uma era de Daniel, a outra era de Kristen. O que me deixou nervosa, tinha sido o motivo da discussão.Foi quando senti um cheiro conhecido.— Ainda na porta? — me virei, vendo Liam, com um sorriso enorme no rosto.— É... — tentei abrir a boca, mas não consegui confessar que estava tentado escutar a conversa por trás da porta.— Me parece que você não dormiu direito. — franziu as sobrancelhas, levando a mão até o meu rosto, passando o dedo no contorno da minha olheira.O azar não era meu inimigo, ele era com toda certeza, meu amigo mais querido.A porta da sala de reunião se abriu, e quem saiu primeiro foi Daniel. Seu rosto estava carregado de frustração, quase como se estivesse sentindo dor ou algo parecido, quando viu a mão de Liam sobre o meu rosto. O vendo daquele jeito, meu peito apertou e eu me afastei do toque de Liam. Eu não sabia explicar aquele sentime
ElleEu poderia pegar a cabeça dele e bater bem forte com um taco de baseball, mas isso seria pouco. Muito pouco. Desde o dia em que Daniel voltou, eu não era mais mesma Elle. Depois de dez anos, eu tinha me transformado em uma mulher com objetivos frustrados e sonhos esquecidos, mas não me arrependia nem um minuto de ter desistido de tudo, e ter dado à luz a minha filha. Laura era o meu raio de sol, que me aquecia de uma maneira inexplicável.Meu pai, Andrew Austin, era um homem adorável, que desde o início me ajudou quando ninguém mais queria me ajudar. Mesmo sendo meu pai, ele poderia ter virado as costas para mim, e ter me deixado no mundo com uma filha para criar, amar e alimentar sozinha. Mas não deixou. Cuidou de mim e da minha filha, mesmo que a minha mãe, com um estado de saúde que requeria cuidado. A única coisa boa, em meio a tanta tristeza, era que ela tinha tido a oportunidade de conhecer a neta.Quando Laura completou seis anos, ela foi diagnosticada com câncer no pâncr
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