Capítulo 7

O despertador com toda certeza é meu inimigo natural, e acordar atrasado em dia de prova não era coisa desse mundo. Eu teria prova de química, os cálculos eram a minha paixão, entretanto, para o meu professor, só o amor não bastava. Tinha que ter pontualidade. Meus pais já tinham traçado todo meu futuro, e por mais que isso parecesse estranho, era o futuro que eu queria. Queria algo grande, e ser além do que um dia eu pudesse imaginar. Crescer e evoluir. De um lado química e do outro lado da balançava pela física.

— Querido, seu café está pronto! — gritou minha mãe. Terminei de tomar meu banho e colocar minha roupa básica de invisibilidade e desci para tomar café.

— Bom dia, mãe. — falei beijando o topo da sua cabeça.

— Bom dia querido, não se esqueça de que você vai ajudar seu pai a pintar a cozinha hoje. — disse ela pondo as panquecas na no meu prato, e jogando a calda de chocolate por cima. O cheiro estava maravilhoso.

— Não tem como eu fugir dessa parte? — perguntei fingindo preguiça — Acordar é a pior parte do dia, e pintar a cozinha é a pior parte do final.

— Daniel, seu pai está adiando isso há mais de uma semana. Não me venha com essa cara de preguiçoso. — falou puxando minha orelha, com seu olhar divertido.

— Tudo bem, mãe. — falei beijando sua mão que tinha puxado minha orelha. Dona Penélope era a mulher da minha vida. Uma mãe exemplar e cheia de sabedoria. Tinha traços hispânicos, e um cabelo longo e preto, o qual, ela tinha muito orgulho.

— Como vai aquela sua amiga? — perguntou enchendo meu copo com suco de maçã e se juntando a mim, puxando uma das cadeiras, se sentando para tomar o café da manhã também.

— Elle está bem. — respondi tomando um gole generoso do suco.

— Ah... Daniel — suspirou me olhando triste — É uma pena que ela não saiba a joia que ela tem ao lado dela. Um dia meu filho, um dia ela vai perceber...

— Obrigado mãe. — agradeci me levantando e pegando a mochila para ir para escola — Tomara que isso seja uma das suas previsões. — disse rindo e beijando novamente o topo da sua cabeça — Ando precisando de muita ajuda. Muita mesmo.

Como sempre, perdi a hora do ônibus, e como sempre sai correndo atrás do maldito e amarelo ônibus escolar. Parecia que o motorista se divertia com o meu atraso, ou era ele que passava mais cedo e passava direto, me fazendo correr metros e mais metros. Quando parava, me olhava com um olhar debochado, e eu esbaforido, não tinha nem condições de rebater ou falar algo. Mas, aquele dia foi diferente, na hora que entrei no ônibus, ao invés de todos me xingarem, eles me olhavam de um jeito estranho. Os olhos de cada aluno presente naquele ônibus, estavam voltados para mim. E isso me deixou muito incomodado.

Por que eles estavam me olhando daquela forma?

No colégio não foi diferente. Passando pelos corredores, todos me olhavam e cochichavam do ouvido do outro alguma coisa, e depois soltavam um risinho de desdém para mim. Pessoas que nem sabiam da minha humilde existência, naquele dia, estavam prestando mais atenção em mim.

O dia mais estranho da minha vida.

Na aula de inglês, o silêncio se rompeu apenas por minha entrada na sala. E lá estava ele, Edward. Alguém que nunca tinha prestado bem atenção na minha existência, por ter mais coisas a serem feitas na vida, do que perceber que eu exista no mundo, estava me encarando feio. Ele me observava como um caçador que tinha acabado de ter sua presa roubada. Segui pela lateral da sala, para minha falta de sorte, ele pôs o pé na frente dos meus, me fazendo cair ruidosamente no chão, porém, apenas o professor se levantou para saber o que estava acontecendo, enquanto os outros permaneceram em um silêncio nada comum e bizarro. Edward me olhava com jeito de quem iria me engolir vivo, se eu me atrevesse a contar o que tinha acabado de acontecer. Mas, os anos de perseguições naquele colégio me ensinaram que quando acontece uma coisa dessas, o melhor era dizer que eu tinha tropeçado nos próprios pés. Eu nunca tinha observado Edward. Mas no momento em que eu soube que ele estava começando a sair com Elle, prestei mais atenção no crápula que era ele.

— Você está bem, senhor Valdez? — perguntou o professor Brad preocupado a situação.

— Sim senhor. — respondi apenas —, tropecei nos meus próprios pés. Sabe como é né, eu sou um desastre da natureza. — de cabeça baixa, me levantei e me sentei na minha cadeira.

— Mais cuidado da próxima vez. — disse o professor se virando e voltando para frente da sala — O diretor vai fazer um comunicado em alguns segundos... — foi só ele terminar de falar, que os alto-falantes da sala zumbirão alto.

— Senhoras e senhores — temperou a garganta — Hoje teremos a escolha dos candidatos a rei e rainha do baile. O resultado sai no intervalo. Não deixem de participar, e já podem escolher seus pares para o baile. O tema será inspirado no filme James Bond, então preparem as armas e vistam-se a caráter para essa missão. Tenha uma boa aula.

Baile era igual a um pesadelo na minha vida. Nunca tinha ido, mas tinha certeza que não era uma coisa boa para uma pessoa como eu. Virgem, coberto por acnes e considerado pelos outros o nerd da sala. Seria como o colapso de Wall Street de 1929, acontecendo na minha frente, porém em forma de baile de formatura.

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