O ronco dos motores cortou o silêncio da fazenda, levantando nuvens de poeira que tingiam o céu de vermelho. Dois carros pretos pararam em frente à sede, de onde desceram homens de postura rígida, olhares afiados, como aves de rapina farejando presa.
Bruno Santos foi o último a sair. Terno alinhado, óculos escuros, olhar frio, carregado de arrogância e domínio. Ao lado dele, José Ricardo, advogado da família Santos, fiel escudeiro e tão implacável quanto o patrão. Ambos traziam nos rostos uma expressão de quem não estava ali para perder tempo.
Na varanda, Santiago Andrade já os esperava. Braços cruzados, olhar firme, a postura de quem conhece cada palmo daquela terra — e de quem não se curva fácil a ameaças veladas.
— Boa tarde — disse Bruno, seco, direto.
— Boa tarde, senhor Santos. Em que posso ajudar? — respondeu Santiago, educado, mas com aquela firmeza que não se quebra.
Bruno respirou fundo. Seus olhos percorreram cada canto da propriedade, atentos, desconfiados.
— Estou procura