As dores vinham como ondas, cada vez mais fortes, mais cruéis, dilacerando corpo e alma. Rafaella já não distinguia mais o céu do chão, nem vida da morte. No quarto simples da fazenda, seus gritos se misturavam às palavras firmes e urgentes da parteira.
— Força, menina... força! — ordenava a mulher, com mãos experientes, enquanto o suor escorria pela testa enrugada.
Santiago estava ali, ao lado, segurando a mão de Rafaella como se ela fosse um fio prestes a se romper. Seu rosto sério denunciava a tensão, o olhar firme escondia o medo que ele próprio sentia. Nunca, em toda sua vida, havia se deparado com algo assim — uma vida pendendo por um fio, e outra prestes a nascer no meio do desespero.
Entre uma contração e outra, Rafaella puxou o pouco de ar que seus pulmões ainda suportavam e sussurrou, rouca, quase sem forças:
— Não avisa ninguém... por favor... ninguém. Nem polícia... nem... ele... nem Bruno Santos...
Seus olhos se encheram de lágrimas, e não era só pela dor física. Era algo