O céu de Goiânia começava a escurecer quando Miguel deu a partida no carro. A caminhonete antiga rugiu, discreta, mas potente o suficiente para aguentar a viagem até o norte do Mato Grosso. No banco de trás, Rafaella se acomodava com dificuldade, o rosto pálido e os olhos vigilantes. Rebeca estava ao seu lado, apertando sua mão com força. Dália vinha ao lado de Miguel, o olhar atento no retrovisor.
— Fiquem em silêncio. Se virmos uma blitz ou polícia rodoviária, todo mundo sabe o que dizer. — avisou Miguel. — Vocês são primas indo visitar a avó doente. Nomes falsos, identidades falsas. Não hesitem.
— E se reconhecerem a gente? — sussurrou Rebeca.
— Confia em mim. A gente só precisa sair do estado sem chamar atenção.
Durante horas, o carro seguiu pela BR-070. O rádio desligado. A tensão, viva.
Rafaella segurava o lenço com cheiro de camomila que Dália lhe dera, tentando conter a náusea constante. Em certos momentos, sentia cólicas fracas, o que só aumentava seu medo. A imagem do bebê n