O céu lá fora começava a se tingir em tons de dourado e laranja. O cheiro de café e terra molhada pairava no ar. Rafaella estava de joelhos sobre o tapete, abrindo caixas e retirando brinquedos, livros e pequenos quadros decorativos. Organizou tudo com carinho: o nome de Matheus em letras coloridas, dinossauros de pelúcia, um cantinho para leitura com almofadas. Um novo começo.
Ela sorriu ao ver um desenho do filho onde ele havia desenhado “papai, mamãe e eu” — os três de mãos dadas.
Mas, de repente, uma leve tontura a fez apoiar a mão na cômoda. Sua visão escureceu por um segundo. Ela piscou várias vezes, respirando fundo.
— Ugh... — murmurou.
A porta se abriu devagar, e uma das novas empregadas da casa, uma mulher de cabelos presos e olhos atentos, apareceu com uma cesta de roupas.
— Senhora Andrade… está tudo bem?
Rafaella virou o rosto, disfarçando o mal-estar com um sorriso leve, mas um pouco pálido.
— Está tudo bem, sim. Só me levantei rápido demais... acho que o calor do quarto