A noite caiu sobre a Casa dos Vorns como um manto de chumbo.
Narelle não dormia. Caminhava de um lado para o outro na varanda do segundo andar, onde a brisa fria mal conseguia aliviar o calor das inquietações que lhe ferviam no peito.
Quando ouviu passos pesados no assoalho, não precisou se virar.
— Ainda acordado, Rhaek?
— Há noites em que o sono foge da alcateia como se soubesse que o perigo ronda — respondeu o lobo que apesar dos anos continuava mais belo ao lado dela. Seus olhos estavam fundos, mas alertas. — É sobre Luxor, não é?
Narelle assentiu, o olhar perdido entre as sombras da floresta.
— Ele está se arriscando demais com Kael. Há feridas que a nossa história já devia ter sepultado… mas ele insiste em desenterrar.
— Luxor sempre teve sede de entender as raízes antes de cortar o caule. Isso é virtude... e maldição. — Rhaek suspirou, cruzando os braços. — Mas você acha que ele está cego?
— Não cego. Mas talvez… curioso demais. Kael sempre soube usar a memória como moeda. E Lu