Kael não voltou direto para a cidade.
Ficou ali, sentado sob a árvore, com a camisa aberta, o peito arfando, as mãos sujas de terra. Ainda sentia o gosto dela. Ainda ouvia o som das palavras cravadas como navalhas:
A próxima vez… traga colhões, não lembranças.
O orgulho latejava. A dor vinha do ego, não do corpo.
Ela o desarmara. E, pior, o fizera sem hesitar.
Levantou-se devagar, recompôs-se. A cada movimento, uma lembrança. O cheiro da pele dela ainda nos dedos. O sal do suor dela ainda em sua língua. A selvageria que, por um instante, quase o fez esquecer quem era.
Mas ele era Kael.
E Kael não ficava no chão por muito tempo.
Narelle tirou as botas assim que entrou no apartamento.
Foi até o banheiro, acendeu a luz de tom âmbar. Olhou-se no espelho.
Lá estavam as marcas: o arranhão no ombro, a leve mordida na cintura, o cabelo desgrenhado, o olhar… vazio.
Ligou a água da banheira. Deixou que o vapor tomasse o cômodo. Entrou devagar, sentindo os músculos ainda pulsando de adr