RENZO ALTIERI
Senti algo macio, pequeno demais para o mundo cruel que conhecia, tocando meu rosto com cuidado. Como um afago tímido, como quem tem medo de despertar um monstro — mas eu não era mais um. Não para ele.
Meus olhos ainda estavam fechados, mas o coração... o coração disparou. E quando aquela voz rouca, baixa e frágil preencheu o silêncio do quarto, juro por tudo o que sou que me faltou o ar.
— Papà? — ele sussurrou, com aquele sotaque leve e incerto, como se experimentasse o som pela primeira vez.
Minha alma estilhaçou. Abri os olhos devagar, e ali estava ele. O rosto a milímetros do meu. Os olhos cinzentos idênticos aos meus me observando com uma intensidade que me desmontou. O cabelo escuro todo bagunçado, o nariz pequeno, a boca entreaberta... e aquelas mãos, tão miúdas, segurando meu rosto desfigurado com uma delicadeza que só minha esposa tocava, e agora ele.
— Acorda. — ele pediu baixinho.
Sorri. Foi instintivo, real. Um sorriso do tipo que há anos não habitava meu r