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CAPÍTULO 5 ENTRE O DEVER E O DESEJO

 Entre o Dever e o Desejo

Nas primeiras luzes da manhã, o hospital ganhava vida: 

Corredores iluminados, enfermeiras apressadas e o som familiar dos termômetros digitais anunciando cada batimento. 

Caleb Vasconcellos chegava com o olhar focado, mas sentia o peso das noites mal dormidas e das decisões urgentes. Sua agenda incluía reuniões com acionistas, decisões sobre a expansão de unidades e a revisão de contratos suspeitos.

 Apesar da importância dessas tarefas, era na recuperação de Ava que seu coração encontrava razão para persistir.

A rotina doméstica, sob o comando de Francine, tornava-se cada vez mais apressada.

 Ela atendia telefonemas sobre Lucas, organizava a mansão e preparava almoços que raramente eram desfrutados em família. 

Seu amor por Caleb permanecia velado em gestos de carinho e conselhos insistentes: 

"Você precisa descansar, Caleb. Deveríamos contratar mais médicos para aliviar sua carga." 

Mas algo em seu tom insinuava uma vontade de aproximar-se, de se tornar indispensável como companheira e co-presidente de fato do conglomerado.

Caleb via com clareza o perigo que Francine representava caso fizesse parte de sua vida amorosa. 

Ele aprendera na própria vida que poder e afeto não deveriam se misturar. 

Amar novamente significava expor seu coração e seu império a riscos. Mesmo assim, havia uma parte dele atormentada pelo silêncio e pelos vestígios de amor que ainda guardava para Sofi, e era aí nessa barreira que Francine não conseguia transpor.

Enquanto ponderava as próximas ações, ouviu o riso distante de Lucas vindo da sala de visita, onde a babá brincava com o garoto. 

O amor por aquele menino era seu refugio. Ele sabia que precisava proteger Lucas de intrigas políticas e de qualquer pessoa que, por ambição, pudesse colocar sua família em risco.

 Levantou-se, ajeitou a gravata e caminhou até a sala de visita, deixando os papéis para trás.

Com Lucas nos braços, Caleb encontrou o único consolo capaz de acalmar sua alma. 

"Papai está bem?" 

perguntou o menino, segurando firme a gravata.

 "Estou, meu filho. Papai sempre volta para você." 

Naquele momento, o médico lembrou-se do juramento que fazia diariamente: cuidar da vida, seja na UTI, seja em casa, seja no futuro incerto que se abria à frente.

De volta ao gabinete, após brincar com seu filho, o crepúsculo lançava sombras longas sobre a mesa repleta de relatórios. 

Caleb suspirou, decidido. Precisava manter Francine afastada das decisões que pudessem comprometer os princípios que ele construíra ao lado de Sofi. 

Ao mesmo tempo, reconhecia que seus sentimentos por Ava estavam ultrapassando a compaixão e se aproximavam de algo mais profundo. 

Mas ele sabia que teria que controlar o coração e evitar repetir os erros do passado.

O eco das lembranças e o peso das responsabilidades se entrelaçavam em sua mente. 

Entre o dever de líder implacável e o desejo de curar um amor quase perdido, Caleb preparava-se para enfrentar não apenas os desafios do hospital, mas também a batalha interna que definiria seu futuro: 

Entre a razão fria dos negócios e um juramento pessoal e o calor humano capaz de reacender a vida de duas pessoas marcadas pela tragédia.

Enquanto o crepúsculo se aprofundava, Francine retirava-se discretamente para seu pequeno escritório anexo à mansão. Lá, fechou a porta e deixou seu semblante se endurecer. 

Nos aposentos silenciosos, os ecos do riso de Lucas e as vozes de Caleb ainda se faziam presentes, como uma lança cravada em sua alma. 

Ela ajeitou o cabelo diante do espelho e suspirou, lembrando-se de cada momento que compartilhara com Sofi nos corredores da faculdade, de como acreditara que, ao formar-se casaria-se com Caleb e encontraria ao mesmo tempo amor e poder.

Mas o destino escolhera Sofi para ser a esposa de Caleb, e ela, Francine, ficara à margem, um amor fraterno que se transformou em desejo obsessivo.

Enquanto olhava seu próprio reflexo, raiva e inveja se misturavam em seu coração. 

“Tudo deveria ter sido meu”

Rebateu em pensamento. 

“A casa, o filho, o homem que amo… Tudo deveria ter sido meu.” 

A imagem de Lucas brincando no colo de Caleb afundava-lhe o punhal do despeito no peito seco de amor. 

A criança, adorável e inocente, era a prova viva de que Francine jamais teria o lugar de Sofi.

“Essa criança não deveria existir”

Pensou com amargura. 

“Deveria ser meu filho fruto do meu amor com Caleb.”

Um sorriso frio surgiu em seus lábios ao imaginar ter Caleb para si: controlaria o hospital, o menino e o marido, todos sob seu comando.

Ela apertou a foto antiga de Sofi, onde apareciam as duas sorrindo juntas, e sentiu uma pontada de culpa. 

Mas a ambição se impôs sobre a culpa:

Se ela pudesse se tornar esposa de Caleb, tudo mudaria. Ele precisaria de uma companheira forte, imbatível; alguém que o salvasse do vazio depois de Sofi. 

E Francine, com seu talento médico e sua lealdade aparente, provaria ser a candidata perfeita.

Seu olhar caiu sobre o papel onde anotava ideias para a reestruturação do hospital. Ali estavam as assinaturas conjuntas, as mesmas que ela assinara amigavelmente, mas que, em sua mente, simbolizavam o poder a ser conquistado. 

“Em breve, eles perceberão que eu sou indispensável”

Refletiu com um sorriso em seus lábios pintados por um batom vermelho.

“Não apenas cunhada, nem mera babá de Lucas, mas a mulher de Caleb, a matriarca desta família.”

Levantou-se e caminhou até a janela, de onde podia vislumbrar as luzes da cidade.

 Sentiu o coração acelerar ao imaginar Caleb ao lado de Ava, acolhendo-a em seus olhos de médico e homem gentil. 

“Essa frágil paciente pode ser meu trunfo”

Pensou articulando seus planos. 

“Ao ajudá-lo a salvar aquela vida, conquistarei sua gratidão e talvez seu coração.” 

A ideia de tornar-se parceira de vida e negócios depois de comprovar seu valor na recuperação de Ava acendeu uma chama ainda mais obsessiva.

Com um suspiro decidido, ela guardou a foto de Sofi no fundo da gaveta e pegou a agenda do hospital. 

Entre reuniões e relatórios, planejou-se para aparecer ao lado de Caleb em eventos e decisões importantes, cimentando sua imagem de aliada e possível futura esposa.

 “Ele voltará a me amar”

Jurou em silêncio. E, naquele instante, sua ambição se fundiu com a vontade de poder, forjando em Francine uma determinação

fria e implacável:

Ela seria a nova dona não só do coração de Caleb, mas do império que ele havia erguido.

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